sábado, 28 de agosto de 2010

III POLICOM

O POLICOM (Congresso de Comunicação Social e Políticas Culturais) deste ano, em sua III edição surpreendeu. Com convidados e abordagens voltadas para o audiovisual. Desde o primeiro dia com a exibição dos curtas baianos mais premiados em 2009 nos diversos festivais nacionais como “Doido Lelé”, da Ceci Alves (aplaudido até em Cannes) e “Nego Fugido”, de Cláudio Marques e Marília Hughes, que ganhou o prêmio de melhor filme no V Seminário Internacional de Cinema da Bahia. Oportunidade única para quem não freqüenta festivais de cinema. Já conhecia ambas as produções. E muito positivo divulgar o cinema nacional nas universidades. O problema é que, quem trabalhou durante o dia não pôde assistir.

À noite, quando cheguei estava havendo uma palestra sobre “A Produção Audiovisual na América Latina”, com os convidados: Nathalia Rueda (documentarista colombiana), Paulo Alcântara (cineasta baiano), e a cinéfila argentina Marcela Antelo (responsável pela curadoria do SEMCINE). Não cheguei a tempo de ouvir a Nathalia, mas peguei o Paulo narrando sua experiência pessoal como cineasta. Assisti seu curta-metragem “O Dono da Lotação” que possui a visão poética do cotidiano de um baiano que precisa enfrentar os ônibus coletivos, e também o trailer do seu longa-metragem “Estranhos”, já conhecido em festivais nacionais, com lançamento no circuito comercial previsto para outubro próximo. Fala sobre a vida dos excluídos na sociedade, como o caso dos usuários de crack, o filme se passa em uma noite de Natal. Pareceu-me bem interessante, mas sou suspeita para falar, pois assisto mais a filmes nacionais que internacionais. A Marcela deu um banho em termos de indicação sobre o que há de melhor na produção audiovisual em toda a América Latina. Filmes obrigatórios para todos nós.

Mais o melhor dia foi a quinta-feira! Imagine que a faculdade 2 de Julho trouxe o cineasta Eryk Rocha, esse mesmo o filho do grande Glauber, na palestra que discutia “Documentário na América Latina - Presente e Futuro”. Muito emocionado o nosso diretor Josué Mello apresentou-nos e nos contou que o Glauber foi ex-aluno da instituição. Essa eu não sabia!! Eryk narrou da forma mais viajante sua experiência como documentarista: “A única coisa objetiva em termos de arte é quando ela se torna subjetiva, possibilidade de desmistificação do cinema, essa idéia de invenção e produção de imagens como possibilidade de marcar nossa passagem pelo mundo. Os filmes ficam a gente vai embora, o que interessa não é a existência e sim a re-existência e isso é possível no documentário!”. Não esqueço a expressão do professor Josué ao meu lado dizendo: “Só podia ser filho de quem é!”. Dentro de um land rover, com uma câmera na mão e sem idéias prévias na cabeça, Eryk concluiu o “Pachamama”(2007), doc entre Brasil, Peru e Bolívia. Refleti: com a câmera, um carrão desses e dinheiro no bolso eu também quero ser cineasta!! Quem deu um show de cultura cinematográfica e memória de elefante foi o jornalista e crítico de cinema Marcos Pierry, que nos contou a história dos melhores documentários desde a década de 20 até hoje: “Você precisa ver a imagem e não ser engolido por ela”, que também compôs a mesa ao lado da professora Cristina Mascarenhas. Parabéns POLICOM 2010 ADOREI.

Sexta-feira o Rio Vermelho Bomba

Há muito tempo que não saio de casa para curtir a “night” na rua. Geralmente vou a locais sossegados como restaurantes ou bares de bairro com minhas amigas, ou acabamos proseando em casa mesmo. Mas, na sexta passada, recebi o convite de um candidato a candidato e não pude resistir.

Saí do trabalho 18 horas, super tarde em relação ao horário normal, que é 17:30, quando pego ônibus Ondina/Garcia em direção a faculdade para a aula de 18:30. Como não ia para faculdade, fiz o caminho inverso. Meu povo o que é aquilo!! Quilômetros de engarrafamento... Gastei uma hora do ISBA até o Mercado do Peixe e o ‘candidato’ nem havia saído de casa. Azul de fome, eu estacionei no Suco 24horas para comer e aguardar ele chegar. Sinceramente, o sanduíche demorou mais que ele.

Bem alimentada e agora acompanhada, fomos tomar umas cervejinhas no Largo da Cira.
Que doideira aquele bar cheio, tem uns toldos na sua cabeça que impedem a fumaça dos cigarros circular, carros com som no volume máximo tocando ritmos baianos frenéticos e alucinantes, vidros no chão, piriguetes requebrando, caras rebolando, meninos de rua brigando, garotas de programa aplicando e ambulantes diversos... Mais também tinham turistas, famílias, casais, cerveja gelada, e a companhia estava agradável.
Coloquei na minha cabeça que jornalista que é jornalista precisa aprender a estar em todas e observar os diversos tipos de movimentações. Mas, sinceramente, chegou um momento que eu não suportava mais aquele lugar... Até que meu Santo ouviu minhas preces e a Skol acabou. Que feliz! Só tínhamos bebido 3 cervejas e parecia que eu estava ali há décadas... ‘Vamos mudar de bar!’

No caminho, mais prosas, ele pegou na minha mão com carinho e eu não precisava mais falar gritando... Começou a melhorar. Chegamos à Dinha: Ambiente aberto, o vento do mar batendo, sem som alto, pessoas alternativas, garotas panfletando festas eletrônicas, o pessoal do Semcine numa mesa, músicos conhecidos dele em outra, cerveja geladíssima também e bom atendimento. Nós estávamos mesmo era no lugar errado! Mas nem eu e nem ele tínhamos o costume de sair assim pelos bares.
Ainda tinha ambulantes e alguns malucos que pediam grana, eu esvaziei meu porta moedas na mão de um tatuado na cadeira de rodas que não tinha as mãos e queria um trocado mesmo era para beber. Pois é né, se a gente pode porque eles não? O legal é que briga somente a dos guris no bar anterior. As pessoas celebram da forma que podem, o importante é não deixar de celebrar nunca e ir tentando ser feliz. O melhor ainda meeeesmo é que o candidato virou namorado e agora tenho companhia para me aventurar mais vezes por aí.

domingo, 15 de agosto de 2010

SOCORRO

O jornal Folha de São Paulo publicou sobre o surgimento de uma nova bactéria que atingiu alguns australianos vindos da Índia, e outros casos de infectados na Europa. Ela chama-se NDM-1 e possui uma forte resistência aos antibióticos. A matéria informa que, provavelmente, a NDM-1 já tenha causado diversos óbitos nos países em desenvolvimento, onde é mais difícil constatar dados reais, como o nosso.


O uso indiscriminado de diversas medicações, além dos agrotóxicos vindos do plantio de frutas e verduras, são os grandes vilões da história. Cada vez mais as pessoas se automedicam. “Se ‘Fulano’ sentiu uma dor parecida com a dor de ‘Beltrano’é só tomar o mesmo remédio Y que ficará bom”. É mais fácil ir à farmácia que marcar um profissional de saúde. Estes, por sua vez, mau se aproximam do paciente ou fazem algum questionamento (anamnese). Simplesmente repassam a medicação acordada com os farmacêuticos. Claro, não são todos.

Agora virou moda tomar vacina para tudo. Vacina para gripe A, gripe B, gripe C, meningite... Eu, mesminha, não coloco nenhum destes vírus em meu corpo. Houve casos no interior da Bahia de pessoas passando muito mal após ter recebido a vacina da H1N1.

Trabalhei numa farmácia por um período, mas tive que me demitir. Sofria na alma, ter que indicar coisas químicas no balcão, ou vender “bombas hormonais” a jovens ignorantes em prol do capitalismo.

Meu avô recebeu tanta medicação antes de falecer que, quando precisamos exumar o corpo e transferir para o ossuário, simplesmente não foi possível. Nem os vermes querem estas drogas.

Aliás, sou uma pessoa completamente antidroga. Nem remédio para dor de cabeça costumo engolir. Mas diversas pessoas próximas a mim simplesmente chegam na farmácia para fazer compras: remédio para dormir, para acordar, para relaxar, para a digestão, para uma provável febre ou um eventual mal estar... Conheço um homem que só viaja com uma farmácia ambulante, maior que sua nécessaire.

Mas o que vale é anestesiar, não é mesmo? Anestesiar por dentro e por fora. E que os Deuses nos ajudem!

INFORTÚNIO

No último comentário do Alberto Dines no Observatório da Imprensa, ele ressalva que ‘a grande ameaça à mídia impressa não é a internet e, sim, a precariedade intelectual. ’ Há pessoas que lêem o que lhe oferecem, outras nem oferecendo querem ler.

É o caso das novas gerações de adolescentes. Para eles, com TV, internet e twitter tudo esta resolvido. Pesquisa escolar é Wikipédia, mesmo com os pais orientando que nem toda informação da internet pode ser verdadeira. Mas não adianta dar exemplo, ler um livro por semana, recomendar, indicar, aconselhar ou mesmo fazer pressão... Simplesmente eles não lhe ouvem. Ai da mãe que indicar um livro para fazer uma pesquisa. Logo será taxada de louca ultrapassada e pré-histórica. Hoje em dia, o castigo mortal é confiscar o computador.

Mas, se nós adultos já estamos tão presos ao mundo eletrônico/virtual, imaginem eles. Ninguém quer perder tempo com o que não interessa.Todos querem especializar-se em temas determinados. A exemplo dos médicos, atualmente não há mais profissionais clínicos, como no tempo da vovó. Apenas especialistas em cérebro, em estômago, em joelho... E se o remédio do joelho fizer mal ao estômago? Azar o seu. Procure um gastroenterologista.

O mundo anda fatiado em planos cartesianos cada vez mais ínfimos. O salvem-se quem puder e o cada um por si, é que vigora. O egoísmo impera! Para quê senso comum? A miséria e a violência estão tão banalizadas que não mais enxergamos crianças se prostituindo ou passando fome. Infortúnio.

Para se desenvolver senso critico é necessário algo que estimule o pensamento. Informações bombardeadas e breves acomodam e viciam. O vocabulário coloquial está sendo substituído por “tipo assim, tá ligado, vamo nessa...” Não na minha frente caros amigos. Se começarmos a economizar, também, nas palavras, aí é que o mundo estará perdido.

Precisamos de humanidade, coragem e ternura para viver. Precisamos voltar a jogar mais peteca na praia e freqüentar menos os shoppings centeres. Acho que chegando junto, com muito amor, ainda possamos plantar uma semente de fraternidade aos nossos descendentes. Acredito e aposto que um bom caminho para a educação das novas gerações seja o audiovisual. Não os enlatados da indústria cultural claro, mas os documentários e os filmes de arte. Essa mídia consegue conquistar dos jovens mais displicentes aos mais atentos. Faz questionarem-se. Faz refletir, pelo menos um pouco sobre os fatos reais do nosso planeta azul.